Momentos
da trajetória musical vivenciada e compartilhada pelo saudoso artista
Firmino Paixão foram relembrados no palco do Centro Recreativo, na noite
de 1º de junho. Comemorou-se o centenário no Show Musical denominado,
"Mimi Paixão - o baile de uma vida". O evento reuniu gerações de
artistas, entre familiares e amigos, no palco e na plateia. Ele ficou
conhecido como instrumentista da flauta, clarinete e consagrou-se no
saxofone.
Foi ao som instrumental do saxofone que iniciaram as apresentações musicais, o primeiro da noite, Jaime Paixão.
Segundo a filha Sandra Paixão, Mimi era
admirador do padrinho de fogueira, o saudoso Maestro Wilson Fonseca.
Sandra fez homenagem ao ídolo do pai cantando a música Pérola do
Tapajós. "Uma grande festa de homenagem com grande envolvimento de
familiares, amigos e de outras pessoas com afinidades à musicalidade do
meu Pai. Até os bisnetos participaram do Musical. Foi grande o empenho,
somado ao apoio das empresas e Governo Municipal, por meio da Secretaria
Municipal de Cultura", destacou Sandra.
O filho Beto Paixão que é cantor e
compositor reforçou: "a expectativa foi alcançada e para nós da família
Paixão, consideramos que tivemos um grande espetáculo para elevar a
cultura santarena. Eu moro em Belém, e confirmo que Santarém é muito
respeitada, principalmente na arte musical porque temos grandes nomes da
música, como Sebastião Tapajós e Wilson Fonseca. Eu gostaria de
agradecer a Secretaria Municipal de Cultura pelo grande apoio nesse
espetáculo", destacou.
O advogado e o músico Odilson Matos
ressalta a importância de Mimi Paixão. "Ele foi precursor de todos. Eu
era muito jovem, mas muito eu aprendi com ele. Ele era um cara
formidável, como músico. Hoje estou assistindo um pouco dessa vivência
na apresentação. Aqui, no Recreativo era um dos palcos e pontos
principais da sociedade santarena e das apresentações de Mimi. Sempre
extraordinário, digo, sempre por o legado segue por gerações, grande
músico e ser humano", detalhou.
No Musical foram 13 apresentações. Dividido em duas partes, a história de vida de Mimi Paixão e o seu legado.
Sobre Mimi Paixão:
Batizado
como Firmino da Paixão, mas carinhosamente conhecido por " Mimi
Paixão". O filho caçula de João Matias veio ao mundo no dia 1° de junho
de 1919, em Santarém do Tapajós.
Juntamente com o irmão dele, o Adalgiso,
conheceram as primeiras letras e as notas musicais com Frei Ambrósio, o
pai "postiço" de todas as crianças pobres daquela época em Santarém.
Seus primeiros sons musicais soaram da
flauta ou da clarinete, mas foi no saxofone sua maior inspiração, onde
dava um show à parte, num sopro suave, enternecia os loucos amantes.
Um homem simples, de bom coração,
encantava a todos com seu saxofone, amava a natureza, banho de rio,
peixe assado na praia ou mesmo num igarapé. Fez muitas serenatas em
noites de luar.
Muito jovem iniciou sua carreira
musical, era alfaiate de profissão, mas a predileção pelo saxofone
levou-o a fazer da música sua maior inspiração. Em suas veias corria o
sangue musical herdado de seu pai. Por seu carisma e desenvoltura
tornou-se popular em Santarém.
Em 1949 casou com Luzilda Carneiro da Paixão e com quem teve 5 filhos.
Mimi aprimorou-se ao talento musical
mesclando suas apresentações com solos e passos elegantes, coreografados
ao interagir com os dançantes. Possuidor de um humor invejável agradava
a todos. Católico por influência da família, dizia: "Sou devoto de
Nossa Senhora de Nazaré!" E todo ano ia a Belém (PA), pela época do
Círio pagar promessa.
Em Belém, encontrava-se com os amigos da
música, o saudoso Rui Barata, com este, fizera muitas serenatas e
piracaias. Zé Ramos, saxofonista dos bons, dizia ele. Pedro Cauauá,
Dr.Nagib Hage ( médico dele), Chico Hage, Adolfo Albuquerque, grande
amigo, em sua casa se hospedava. Raimundo Paixão, trompetista e
sobrinho, tocavam juntos.
Mini Paixão colocava toda a emoção ao
interpretar um blues, um jazz ou uma valsa. Tinha imensa admiração pelo
padrinho de fogueira, Maestro Wilson Fonseca. Muito elogiou os solos de
Sebastião Tapajós, falava: "esse moleque é bom, vai longe!" Na quadra
Carnavalesca, o frevo e o samba abrilhantavam sua performance. Quem o
assistiu em ritmo de gafieira, pediu bis.
Nos bailes da cidade seu toque inconfundível fazia a plateia delirar, num sopro suave, aveludado, quase mágico.
A maior parte da vida de "Mimi" fora
marcada pela euforia da música, amigos, família, os bailes; os rios, a
natureza e a Pérola do Tapajós!!!.
Faleceu em 23 de julho de 1981.
0 Comentários